A psicoterapia junguiana é um processo profundo de autoconhecimento e transformação. Nessa abordagem, o inconsciente é visto como um espaço rico em símbolos, mitos e arquétipos que influenciam nossa vida. O trabalho terapêutico busca integrar essas dimensões, permitindo que a pessoa compreenda seus padrões internos, ressignifique sua história e desenvolva seu potencial. Por meio da escuta sensível, da interpretação de sonhos, da imaginação ativa e da conexão com a arte e a cultura, a psicoterapia junguiana favorece a construção de um caminho mais autêntico e alinhado à essência de cada indivíduo.

O Sandplay, ou Jogo de Areia, é um método terapêutico da abordagem junguiana que utiliza uma caixa com areia e miniaturas para expressar conteúdos inconscientes de forma simbólica. Sem a necessidade de verbalização direta, o paciente cria cenas tridimensionais na areia, representando seus estados internos, conflitos e processos de transformação. Esse processo facilita a comunicação entre consciente e inconsciente, promovendo a integração psíquica. Através da observação das imagens construídas e de sua evolução ao longo das sessões, o terapeuta auxilia na interpretação dos símbolos emergentes, possibilitando insights, ressignificação de experiências e um desenvolvimento mais profundo da psique.

O cenário da neurodivergência passou a fazer parte da minha vida há mais de seis anos, quando meu filho recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). A partir desse momento, mergulhei nesse universo, buscando compreender não apenas os desafios, mas também a singularidade e a riqueza de perspectivas que o autismo traz para um mundo tão complexo e desafiador Minha trajetória pessoal e profissional, somada às minhas formações e aos meus estudos autodidatas sobre o TEA, fundamenta meu trabalho com esse público dentro da abordagem junguiana. Embora muitos acreditem que essa perspectiva seja restrita a determinados perfis clínicos, a psicologia junguiana oferece ferramentas profundas e simbólicas que possibilitam um atendimento sensível e eficaz a pessoas neurodivergentes. A partir da valorização da subjetividade, da imaginação e da construção de significados, essa abordagem permite um olhar acolhedor para a diversidade das experiências e formas de expressão.

Receber o diagnóstico de um filho neurodivergente transforma a vida de uma família. Medos, incertezas e desafios passam a coexistir com o desejo de oferecer o melhor para essa criança única. No entanto, a jornada da parentalidade atípica pode ser intensa, e muitas vezes os próprios pais acabam se colocando em segundo plano. Como mãe de uma criança autista, compreendo profundamente as emoções, dúvidas e desafios que surgem nesse percurso. Meu trabalho na psicoterapia para pais atípicos é oferecer um espaço de acolhimento, compreensão e fortalecimento emocional.